quarta-feira, 23 de julho de 2014

O olhar em construção: uma experiência de ensino e aprendizagem da arte na escola

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
Campus IV – São Luiz Gonzaga
Curso Pedagogia – Licenciatura
Disciplina: Língua Portuguesa I
Professora: Dranda. Luciane Sippert
Acadêmica: Sarai F. Silveira de Souza
Semestre/Ano: 1/2014





O trabalho de Anamélia apresenta uma experiência em Arte-Educação, numa escola de ensino formal.
Utiliza como principal pinturas de artistas modernos e contemporâneos.
A autora justifica também seu projeto de ensino ao discutir a desvalorização do desenho e outras formas de expressão artística, tanto na escola como na família, principalmente a partir do momento em que se inicia o processo de alfabetização.
O objetivo desta forma de educação é “construir um olhar” a partir de ver, observar, sentir, expressar e refletir. Um projeto concreto, na pratica da realidade da sala de aula, com crianças da 1º á 4° série.
Na segunda série, a etapa “Conhecendo os Elementos da Linguagem Plástica” tem como objetivo principal trabalhar os elementos da linguagem plástica (ponto, linha, forma, cor) e suas relações (ritmo, figura/fundo).
Na terceira série, a autora enfoca as questões: “O que é saber desenhar?”, “A pintura é realidade?”, “Arte é cópia da natureza?”, “A pintura retrata o que se vê ou o que se conhece do objeto”? “O que é real?” e “A pintura é realidade?”. Nesta etapa, denominada “Ampliando a Observação em Direção ao Mundo”, o objetivo é enfrentar a crise do “não sei desenhar”, através de atividades práticas como desenho cego, desenho de observação, desenho de memória.
Na quarta e última série, a proposta “Cruzando Caminhos”utiliza a pintura cubista para abordar figuração/abstração e a relação forma/conteúdo, além de discutir os processos de criação dos artistas e dos próprios alunos.
No primeiro momento os alunos são convidados a descrever uma obra( a autora utilizou pinturas de Miro, Cézanne, Picasso, Van Gogh, Portinari e Volpi). A seguir, com a ajuda  da professora, analisam os elementos e a estrutura da obra. Em seguida fazem interpretações da obra, expressando seus sentimentos em relação a ela. No momento seguinte, a professora transmite informações sobre a obra. Finalmente os alunos inspirados pela obra que acabaram de apreciar, são convidados a fazer um trabalho com linguagens artísticas.
Ainda falta, no mercado editorial brasileiro, uma produção extensa e consistente sobre o ensino de arte, que discuta experiências que possam contribuir efetivamente para transformar uma prática pedagógica que ainda deixa muito a desejar. Neste sentido, a obra de Anamélia Buoro é referência fundamental para educadores, pois não se situa no plano do texto teórico, nem no plano da banalidade dos livros didáticos. Ao contrário, nela teoria e prática dialogam facilmente, fundamentando e explicando-se mutuamente.
 No entanto, algumas considerações devem ser feitas.
 Primeiro, o fato de que a autora,apesar de reconhecer que “a descrição como primeiro passo na leitura é obstruída o tempo todo pela narração (p.49), apenas inverte a ordem das atividades.
Em segundo lugar, não há dúvida de que o contato com a obra de arte desperta nas crianças grande interesse pela arte e possibilita a construção de muitos conhecimentos (sobre a obra, os artistas e a arte em geral), conforme se pode comprovar pelos trechos de depoimentos das crianças apresentados pela autora.
Apesar dos problemas aqui apontados é necessário ressaltar que o trabalho de Anamélia Buoro representa uma grande contribuição para os interesses no ensino das artes plásticas. O grande mérito do projeto é que ele promove a aquisição de conhecimentos específicos, próprios da linguagem artística, através do contato da criança com a obra de arte.
As produções dos alunos de Anamélia nos levam a algumas reflexões. A primeira é: Será que pintar a maneira de Miró, Picasso ou Van Gogh concorre para a aprendizagem do desenho, para tornar a expressão gráfica da criança mais rica e mais próxima da arte , como deseja a autora? Segunda: As produções escritas num modelo-ainda que uma obra de arte?
            Que benefícios podem advir do fato de se substituir esquemas de representação próprios da criança (e até mesmo as várias formas que ela incorpora em seus desenhos) por esquema de representação criados pelos artístas?
Apesar de alguns problemas aqui apontados é necessário ressaltar que o trabalho de Anamélia Buoro representa uma grande contribuição para os interessados no ensino das artes plásticas. O grande mérito do projeto é que ele promove a aquisição de conhecimentos específicos,próprios da linguagem artística,através do contato da criança com a obra de arte.

Sem dúvida, o trabalho de Buoro contribui para compreendermos a arte como área de conhecimento, ultrapassando uma concepção de ensino para ter noção de que, na escola, arte é mero passatempo.


Buoro,Anamelia Bueno
O olhar em construção: uma experiência de ensino e aprendizagem da arte na escola/Anamelia Bueno Boro.-5.ed.São Paulo:Cortez 2011.150p.

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