Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
Curso: Pedagogia Licenciatura
Disciplina: Língua Portuguesa
Professora: Dranda. Luciane Sippert
Acadêmica: Jaqueline dos Anjos Pinto
Semestre/Ano: 1/2014
Titulo da obra resenhada: Boniteza de um sonho
Autor: Moacir Gadotti
Ano de publicação: 2003
Editora: Feevale
Nº de paginas: 80
O livro "Boniteza de um Sonho: ensinar e aprender com sentido", da
editora: FEEVALE, de Novo Hamburgo, publicado no ano de 2003, com 80 páginas,
foi escrito por Moacir Gadotti. Gadotti se inspira nos ideais de Paulo Freire –
lutar por mundo de amor e justiça – sendo a educação a fonte principal e o
educador o meio para essa transformação.
“Boniteza de ser professor de tantos
jovens do planeta” (p. 12). A obra está dividida em sete capítulos e em cada um
deles Gadotti aborda temas de grande importância à educação, aos professores e
pedagogos em exercício e aos futuros pedagogos e professores. Convida os
sonhadores e os que deixaram de sonhar a despertarem e lutarem para a
transformação do mundo, onde as diferenças sejam dissipadas através da
educação, considerando que a sala de aula é e será local de capacitar crianças,
jovens e adultos a se engajarem nessa luta. Portanto, é necessário que o
professor e o educador encontrem a sua própria identidade e, com autonomia,
potencializem os indivíduos, formando cidadãos autônomos, críticos,
participativos, organizados, articuladores e capazes de se integrarem à
sociedade, promovendo o desenvolvimento e garantindo, de forma sustentável, o
futuro da humanidade.
No primeiro capítulo, “Por que ser
Professor?”, Gadotti aborda os desafios enfrentados pelos professores em um
Brasil que não valoriza os profissionais da educação e onde não há políticas
públicas que se destinem à área. Os baixos salários, a falta de estrutura nas
escolas, a violência, o cansaço físico e mental, e a desmotivação contribuem
para o caos no sistema de ensino. Alerta os educadores para não se perderem
nessa crise e sim refletirem sobre a sua escolha como direção e solução da
situação caótica. Para isso, é necessário que os mesmos estejam engajados com o
desenvolvimento dos indivíduos, formando-os críticos, participantes e capazes
de superar as adversidades e sonhar com um futuro melhor, em que a educação
seja a prioridade dos governantes, havendo assim o reconhecimento e a
valorização dos profissionais.
No segundo capítulo, “Crise de
Identidade, crise de Sentido”, trata do desafio encontrado pelos educadores no
tocante à sua identidade e ao sentido de ser educador. A crise se evidencia com
a globalização, que interliga as pessoas e o mundo por meio das informações em
tempo real e, para processá-las e torná-las conhecimento que agrega valores aos
indivíduos, é necessário que estes tenham uma formação crítica, reflexiva,
política e de autonomia. Os professores são convocados a deixar de ser apenas
professores e se tornarem educadores da humanidade, pois a máquina não
substitui o homem no pensar, no agir, no interagir, no compartilhar, no decidir
e não possui sentimentos, portanto, à medida que ocorrem as transformações no
mundo globalizado, o mestre da educação sempre será necessário para formação do
individuo.
Já o terceiro capítulo, “Formação
Continuada do Professor”, aborda a importância do desenvolvimento do
profissional da educação, a necessidade de o professor se atualizar, acompanhar
as tendências da tecnologia, desenvolver projetos junto à comunidade considerando
as suas necessidades e particularidades, refletir sobre as práticas e as
metodologias, trocar experiências entre profissionais, realizar pesquisas e
capacitar também sucessores na formação de futuros pedagogos. O motivo é evitar
a estagnação, o comodismo e a desatualização do educador e da sociedade. O
capítulo anterior fala de um mundo de mudanças e, para que essas mudanças sejam
beneficentes a todos e não à classe dominante, o educador é imprescindível na
formação de cidadãos participantes e atuantes.
No quarto capítulo, “Ser Professor
na Sociedade Aprendente”, Gadotti explana a necessidade de aprender para
ensinar e ensinar para aprender. O professor é aprendiz no processo, aprende
com as diversidades culturais, sociais, políticas e econômicas da comunidade
integrante. Através da reflexão da situação real, desenvolve as melhores
práticas e exerce influências, direcionando para o trabalho em equipe, a defesa
de ideais, a participação na gestão das escolas, desenvolvendo alunos e
comunidade, pois somente a ação junto à atitude é capaz de produzir o saber, a
habilidade e o conhecimento. O conhecimento é o fundamental para se entender a
sociedade, a política e a economia, de ontem e de hoje e projetar um futuro
melhor para a humanidade.
No quinto capítulo, “Aprender com
emoção, ensinar com alegria”, o autor relata o sentimento de satisfação do
educador e do educando no processo de ensino-aprendizagem. A emoção e a alegria
em contribuir com a integração das pessoas a fazerem parte da história da evolução,
tornam o ato de ensinar uma realização e para isso os objetivos devem ser
claros, fundamentados e articulados com a realidade do educando. Por meio dessa
interação, se desperta no aluno a emoção e a satisfação em aprender, sabendo da
utilidade e da aplicação do aprendizado. Aprender deixa de ser obrigação e
passa a ser descoberta, diferenciando o professor que faz do seu trabalho
apenas um compromisso de lecionar conteúdos e demandas curriculares.
No sexto capítulo, “Educar para uma
vida saudável”, Gadotti fala da importância de educar a humanidade no presente
para sua própria existência futura. É preciso mudar a postura diante do sistema
capitalista que é nutrido pelo consumismo, visando diminuir as desigualdades
sociais pela educação. O educador pode promover a educação ambiental nas
escolas, empresas e em toda a comunidade, protegendo a biodiversidade e a
sustentabilidade da sociedade e também do planeta, conscientizado as pessoas da
importância das fontes de energia naturais, da opção por produtos recicláveis,
de amor ao meio ambiente como parte de cada um.
No último capítulo, “Ser professor,
ser Educador”, o autor alerta cada profissional a decidir o seu destino dentro
do universo da educação. O simples professor deve se decidir se tornar um
educador ativo, tendo como diferencial o amor, o compromisso consigo mesmo, não
apenas com um determinado órgão ou instituição. O seu objetivo deve ser o
compromisso com o desenvolvimento de toda a humanidade, transformando as
pessoas em autônomas, reflexivas, atuantes, intelectuais e, principalmente,
humanas.
A educação é chave para a libertação
política, econômica e social. Os oprimidos são a maioria em uma sociedade, não
tem o básico para a sobrevivência, são considerados pela sua força de trabalho.
Os bens que produzem são para o enriquecimento de uma minoria que detém o
poder. Precisamos nos tornar autônomos e liderar a massa explorada por
intermédio do conhecimento e do amor, pois os que estão no poder fazem do
conhecimento ferramenta de exploração e opressão. É necessário desenvolver e
munir cada indivíduo do saber, do pensar e da decisão, formando cidadãos livres
pelo conhecimento, capazes por autonomia e participantes por consciência.
Este livro revela-me a satisfação de fazer parte desse sonho.
Saber que estou no caminho certo na realização do ideal disseminado por Paulo
Freire, bem exposto por Gadotti em Boniteza – manual que considero poderoso
para a transformação de todos. “O amor à educação é o mesmo que o amor à vida”
Sábias palavras, pois quem ama cuida, ensina, instrui, direciona e liberta,
promovendo o desenvolvimento do próximo.
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