quarta-feira, 23 de julho de 2014

:A Leitura e a Escrita nos anos iniciais do Ensino Fundamental: a prática docente a partir da voz dos alunos.

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
Curso de Pedagogia – Licenciatura
Disciplina: Língua Portuguesa I
Professora: Dranda. Luciane Sippert
Acadêmica: Marta Luisa Martins Hendges
Semestre/Ano: 1/2014
Autora: Elvira Cristina Martins Tassoni
Ano da Publicação: 2012
Editora: ECCOS Revista Científica
Número de Páginas: pp.191-209



O presente artigo organizado por Elvira Cristina Martins Tassoni, Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-CampinasTASSONI, Elvira Cristina Martins. A leitura e a escrita nos anos iniciais do Ensino Fundamental: a prática docente a partir da voz dos alunos. Eccos Revista Cientifica. Núm 27, enero-abril, São Paulo, Brasil, Universidade Nove de Julho, 2012.p.191-209, em 48 parágrafos, apresenta um estudo que explorou as práticas escolares de leitura e de escrita nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Observadas as classes do 1° ao 5° ano, buscou-se identificar atividades de leitura e escrita com a intenção de apresentar tipos de situações de uso de linguagem mais frequentes em sala de aula.
Na introdução da obra a autora expressa que as discussões sobre a alfabetização sempre despertaram muito interesse e que o objetivo da mesma é contribuir para discussões sobre as práticas escolares da alfabetização, trazendo para o cenário a voz dos alunos, no mesmo apresentam-se o resultado de duas pesquisas (TASSONI; DRAGOJEVIC, 2001; TASSONI, 2011), realizadas de maneira articulada e complementar, em uma escola localizada na cidade de Campinas (SP). A primeira pesquisa aponta as atividades pedagógicas de escrita e de leitura mais frequentemente propostas do 1° ao 5° ano e a segunda baseado nas informações da anterior, realizou entrevistas individuais com parte dos alunos.
Tassoni aponta necessidades urgentes de mudanças na concepção que se tinha até então de escrita, de leitura e de ensino e de aprendizagem de ambas. Para tanto retoma Leite (2001) que impulsionou uma revisão das práticas pedagógicas envolvendo o ensino da escrita na escola;menciona experimentos de Luria (1994) pelas contribuições da psicologia; as reflexões de Vigotski (1991) sobre o desenvolvimento da escrita na criança e as pesquisas de Ferreiro e Teberosky (1985) que influenciaram grandemente o trabalho comalfabetização na escola.
Na articulação entre alfabetização e letramento,a alfabetização refere-se à ação de ensinar – aprender a convenção alfabética e ortográfica da escrita. Segundo Soares(Tasssoni 2012) o letramento, é o estado ou condição que um indivíduo ou grupo social adquire como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais.
A pesquisa em sala de aula apontou que no 1º e 2º ano havia uma intensificação de procedimentos mecânicos no trabalho com as letras, observadas as atividades, em sua grande maioria, envolveram a identificação e o traçado de letras e sílabas.A produção de texto foi observada em uma aula de educação artística onde a partir de uma figura de carimbo os estudantes completavam a cena com desenho e escreviam uma pequena história.No 3º,4º e 5º ano as atividades envolveram a leitura e a sistematização da ortografia, que sugere um espaço para oportunizar a ampliação e consolidação do domínio do sistema alfabético.A maior diversidade de gêneros textuais foi observada no 5º ano onde ocorre à busca de reflexão sobre a língua pelo trabalho de reestruturação de textos. Alfabetização e letramentose constituem em ações que se concretizam separadamente.
Convém ressaltar que a autora revela a opinião dos estudantes a partir das falas sobre as vivências em sala de aula sobre a leitura e a escrita quepossibilitou conhecer pontos de vista próprios do universo infantil e a importância para a vida de cada um,possibilitando aprender sobre as coisas que o cercam, bem como ser valorizado pelas pessoas em razão de tal saber. Tais pesquisas apontam que as crianças reconhecem que saber ler e escrever é a porta de acesso aos saberes acumulados histórica e socialmente pela humanidade.
No 17º parágrafo a autora destaca que Lemos (2009, p.17), ao discutir a aquisição da escrita, destaca que muitas vezes espera-se que este objeto “[...] se torne transparente pela simples apresentação ou exposição de relações entre letras e sons, quer sob a forma de sílabas, quer sob a forma de palavras, quer sob a forma de textos ou do que se supõe que umas e outros ‘ querem dizer”.
Tassoni(2012), expressa que as práticas pedagógicas que se distanciam da reflexão linguística, da discussãodas regularidades, do reconhecimento da complexidade que envolve a compreensão do sistema alfabético e ortográfico da escrita, podem levar a uma aprendizagem sem significado, afastando os alunos da leitura e da escrita. Convém apontar que os alunos querem ser corrigidos e este é um ponto muito significativo.
Acompanhado de inúmeros destaques de estudantes sobre a abordagem da leitura e da escrita o presente artigo apresenta os diversos motivos pelos quais os estudantes perdem o interesse, um deles é a cópia sem uma finalidade explícita, que cansa, dói e leva à distração, pois não está implícito um recurso que promove avanço na compreensão da escrita.
Sobre a produção de textos se evidenciou nos comentários dos estudantes que estes momentos eram muito bem vistos, embora fosse considerado um grande desafio, produzia grande aprendizado e uma aproximação maior com a docente que ensinava como fazer. No 1° ano os estudantes além de destacarem a importância de escrever histórias, expressaram também a possibilidade de diversificar procedimentos e materiais. No 2° e no 3° ano foi o desafio que a produção de textos traz, colocando em relação o pensar e o aprender. No 4° e 5° ano se destacou a possibilidade de aprender sobre a escrita de diferentes gêneros e sobre as convenções textuais.
Identificou-se nos dizeres dos alunos que a produção de texto oral é um procedimento que contribui para a produção escrita posterior e a autora cita Lemos (2009, p.29, grifo da autora) o papel do professor é o de interprete ‘’Lendo para criança, interrogando sobre o sentido do que ‘escreveu’, escrevendo para a criança ler, [...] insere-a no movimento linguístico – discursivo da escrita’’.Segundo Weis (apud, MORAES, 2009, p.15) ‘’[...] Aprender a produzir textos é aprender a mover-se num espaço intertextual. ’’
Tassoni (2012) ,em sua pesquisa aponta dados onde à leitura feita pelas professoras se restringia ao material didático, revelando uma baixa frequência de leitura de textos literários com a finalidade de fruição. É preciso que o estudante se prepare, estude o texto, para que possa de fato se constituir um leitor, por meio de situações com chances de maior sucesso, constituindo este artigo relevante no processo de captação e estudo de dados escolares nesta área.
Este artigo apresenta a avaliação das atividades de leitura e escrita do 1° ao 5° ano apontando que a escola é reconhecida como o lugar legítimo de aprendizagem e, ler e escrever se constituem em portas de acesso ao conhecimento valorizado pela sociedade . Sendo, portanto , recomendado aos docentes  que atuam principalmente nos anos iniciais trazendo para o cenário a voz dos estudantes.
Referências
LEITE, S.A.S. (Org). Alfabetização em destaque. Campinas: Mercado de Letras, 2010.
LEMOS, C.T.J. Sobre a aquisição da escrita: algumas questões. In: Rojo, R (Org.). Alfabetização e letramento; perspectivas linguísticas. 4. Reimpr. Campinas: Mercado de Letras, 2009. P.13-32.
LURIA, A.R.; LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: ícone, 1994.
_____.M.; DRAGOJEVIC, H. As praticas de escrita nas séries iniciais no Ensino Fundamental. Relatório de Pesquisa, ago. 2011.
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Tradução Diana M. Lichtenstein, Liana Di Marco, Mário Corso. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
VIGOSTKY, L.S.A formação social da mente. 4. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.



           





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